sábado, 14 de maio de 2011

SAPO VIRA PRÍNCIPE, VIRA SAPO, VIRA PRÍNCIPE...

Sabe qual é a verdadeira história do sapo que vira príncipe? Não, não é aquela que a gente ouviu quando era criancinha. Quer dizer, algumas de nós ouve até hoje...e ainda credita!
Certo dia eu li que Jung recontou (ou contou) a verdadeira história. A princesa derrubou uma peça de ouro em um lago e o sapo que estava por lá a resgatou. Só que para entregar à princesa, ele fez com que ela prometesse que ele poderia ficar em sua companhia o tempo todo. A princesa ficou apreensiva, mas foi obrigada pelo rei (mercenário como ele só) a ceder ao pedido do anfíbio e aceitar a proposta.
Em toda a parte que ela ia, o sapo a acompanhava. Se ela ia sentar para almoçar, o sapo sentava perto dela pra partilhar de seu alimento. Se ela ia passear, ele a acompanhava em seu passeio, se ela sentasse para ler, ele ficava grudado nas páginas do livro, atento a tudo... Ou seja, tudo o que ela fizesse, ela tinha que estar na companhia do sapo. TUDO!
À noite, quando foi para o seu quarto real, dormir em sua belíssima cama com dossel de seda e lençóis egípcios de 1500 fios, o sapo fez menção de deitar com ela.
Ela disse ‘não’. Mas ele insistiu. Ela dizia ‘não’ e ele tornava a insistir. Ela então lhe disse que ele não iria colocar as suas patas sujas em seus lençóis alvíssimos e perfumados com lavanda... Mas ele fez com que ela se lembrasse do trato, e princesa tem de manter sua palavra (mesmo que, como toda mulher, mude de ideia)... Aí, num ímpeto de fúria, ela pegou o anfíbio e o arremessou contra a parede...
Porém, como num passe de mágica, ele estourou e já caiu ao chão transformado em príncipe. Em um ímpeto de ódio da donzela, ele se transformou. Em um ímpeto de real personalidade dela... ele surgiu.
A história do beijo que faz com que o anuro se transforme em belo mancebo, só procede na leitura machista. A leitura que faz com que as mulheres tenham que atender às grosserias masculinas com carinho e resignação, como nos ensinavam nossas avós e algumas mães...
A mulher tem que ser subserviente, boazinha, mãe, compreensiva, tolerante, complacente... Admitir tudo de seu homem (mesmo a gente sabendo que ninguém é de ninguém), admitir até as puladas de cerca do macho provedor, porque ele é o provedor e não deixa faltar nada em casa e não questiona quando o limite do cartão de crédito estoura... A mulher tem que ser um zero à esquerda mesmo. Uma figura decorativa... Linda, frágil, quieta... O macho pode ser truculento, afinal tirou a desafortunada mulher da solidão e do desvio de ser “avulsa”... Nossa, que coisa mais abominável... Pois a mulher o aceitou ‘sapo’, com a esperança anoréxica de que um dia ele vire príncipe... Mas repetirei “ad nauseam”: NINGUÉM MUDA!
Talvez tenha sido por isso que decidi mudar de atividade física e deixar bike e musculação por Muaithay. Quem sabe dando uns golpes por aí eu não encontre meu William escondido sob o lombo rugoso de algum batráquio??????

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