terça-feira, 27 de dezembro de 2011

DIETA

DIETA

Como pode uma palavra tão pequena, apenas cinco letras, configurar-se em algo tão abominável, algo tão odioso, algo tão hediondo?

Diante dos festejos de Natal e Ano-novo, falar-se em dieta, ou pensar-se nisso, é quase que um sacrilégio. E o pior: seus parentes, amigos, pessoas que estão com você, participando das festividades... não lhe levam a sério, ou ficam naquela de ‘dieta se começa na segunda’; ‘dieta só no ano que vem’. E a coisa vem acompanhada de risinhos debochados de pessoas que tem certamente a circunferência de suas cinturas menor que a da sua coxa.

Você ajuda no preparo da ceia? Não, nem venha com a conversa de que quando a gente prepara, sente o cheiro da comida e na hora H acaba não comendo nada... Onde isto está escrito? É regra? Lamento, mas meu estômago é analfabeto.

Tentem desfiar um frango bem cozido e temperado por sua mãe pro salpicão sem ao menos provar um fiapinho... Ou então reservar vários pra comer misturados à maionese em um pão branco (sim, branco, qual é o problema???)... Sem falar nos pickles que milagrosamente se multiplicam e sobram também... Afinal, o controle de qualidade tem que ser observado e os convidados não podem ser recebidos com menosprezo... A batatinha palha???? Só na hora de servir ... e também sobra, mas é sem graça, porque encher a boca com ela não é nada parecido do que com aquelas em forma de canoinhas, extremamente salgadas que devem ser ingeridas acompanhadas daquele refrigerante maravilhoso à base de cola... ou de uma cerveja pra lá de gelada...

Há pessoas que gostam de fazer salada de frutas pras festas... Mas frutas da época e todas naturais... Pra que passar trabalho gente??? Melhor são as compotas extremamente doces (até enjoar, delícia...) e que também milagrosamente sobram e são degustadas na madrugada de modo afoito e prazeroso...

Os panetones??? Passo, não me agradam de modo algum... mas as rabanadas... Inexiste coisa mais saborosa . Aquelas fatias de carboidrato massudo, embebidas em leite condensado (fritas!!!) e depois açúcar e canela...

Aí a festa começa... fotos, muitas fotos...porque depois há a competição nos facebooks pra se mostrar que se comeu mais, melhor, foi mais feliz, ganhou-se mais presentes, fez-se mais caridade...

Só que as pessoas acabam por esquecer que o melhor de tudo, em toda e qualquer festa de ‘congraçamento familiar’ é, sem dúvida nenhuma, algo que vai muito além do espírito natalino, do rever seus atos durante o ano... planejar e sonhar com o futuro que está todinho ali depois das doze badaladas da meia-noite... Apesar do horário de verão que nos confunde nas simpatias...

O melhor de toda esta reunião, sem dúvida nenhuma... são as fofocas de família. Por elas aguardo o ano todo... e nem me importo com as calorias... Afinal, ano que vem já está aí e não tenho menor fastio de ir a pé até São Paulo acompanhada de algumas amigas que se renderam ao tão maravilhoso pecado da gula!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

GENTE CENTRADA

GENTE CENTRADA

Perdoem-me alguns leitores, mas hoje serei politicamente incorreta do início ao fim. Procuro ser honesta em tudo o que escrevo. Sou honesta no dia a dia. Quem me conhece sabe bem. Sou franca e falo o que penso (mas penso antes de falar, claro). Às vezes perco a amiga, mas não perco a piada... Mas, graças a Deus e à paciência delas, elas voltam, pois creio ser necessária às suas vidas (como elas são a minha).

E vejo estas pessoas que falam baixinho, que fazem meditação, que evitam açúcar, gordura... refrigerante... carne (meu Deus!!!!!!!!!!!), com um pavor próximo daquele que me acomete quando descubro mais uma celulite. Li um texto do Luís Fernando Veríssimo no qual ele dizia temer os vegetarianos e os “come e não engorda” (desta raça quero distância e astronômica). Hoje concordo com ele...

Quando alguém me fala que não come carne fico chocada! Imagine só: eu, gaúcha da fronteira deixar de comer carne!!!!!!!!!!!! Internem-me na hora. O dia em que eu trocar uma picanha por rúcula, estou à beira de um surto... ou dentro dele. E quanto a comer e não engordar???? Só de olhar um bolo de chocolate, sinto surgir uma craterinha na nádega direita... E se só de olhar já acontece isso? Por esse motivo eu como mesmo... e até enjoar... Gosto demais de minha amiga que é professora de academia e quero que ela mantenha seu emprego pra sempre! Trabalho por isso arduamente!

Gente que vem com o olhar vidrado dizendo que encontrou a paz interior na meditação... na comida macrobiótica (ou ficando sem comer)... que consegue praticar levitação... Que hoje é tranqüilo, sereno... Uma pessoa equilibrada e bem resolvida... Nossa, insuportável! Eu gosto é de drama. Dramalhões mexicanos são os meus favoritos e histórias só em cores fortes... Tranquilidade pra mim é sinônimo de tédio e de falta de interesse pela vida...

Até tentei a comida macrobiótica e fiquei extremamente infeliz... Amo demais ovos fritos, carne, refrigerante, leite... Chocolate? Está aí a coisa que mais me deixa plena... creio que me faz mais feliz que dinheiro... (peraí, não exageremos, mas diria que estão no mesmo grau de importância).

Pessoas politicamente corretas, comedidas... Acho que medir as coisas só cabe mesmo em receitas... e não me venham com receitinhas de bolo complicadas, prefiro os de caixinha nos quais acrescentamos pouca coisa e a felicidade de sua degustação está a apenas uns 40 minutos...porque gelatina????? Só se for com creme de leite ou merengue e tem que ser de morango...assim como as balas de goma (as Minhocas Azedas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!).

Cuidar os gestos quando falamos? O tom da voz? O riso? Não estou aqui a passeio e temos que viver todos os momentos intensamente. Condenem-me por ser intensa e não por ser “morna”! Nem em chuveiro suporto água morna... até no verão é escaldante. Afinal, tenho um amigo que vende hidratantes divinos... garanto o emprego dele também. Viram? Pratico a caridade de um modo peculiar...

Prefiro gente “fora da casinha” do que gente centrada. As que não possuem equilíbrio rendem-me inspiração e grandes amizades...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Lançamento na Livraria Fátima de Criciúma/SC

DEDO PODRE

DEDO PODRE

Entre uma conversa e outra com minha parceirona de plantão...chegamos à trágica conclusão de que nós estragamos os meliantes que surgem em nossas vidas.

Estavamos falando de nossos pares atuais e discutíamos a respeito de certos defeitos, de certas falhas em seus comportamentos... muita coisa em comum... E choquei: nós somos as causadoras disso tudo.

Já fundamos a comunidade do “Eu tenho o dedo podre”, mas chegamos à triste conclusão que, apesar de serem rapazes diferentes, de origens distintas, credos diversos, naturalidades idem... nós o transformamos em nosso infortúnio.

O quesito confiança é sempre delicado, porque mesmo que eles digam que vão fazer A, B ou C quando longe de nós... não é aceito como de todo verdadeiro. Hoje em dia sabemos que pra trair e esconder o mau passo é facílimo. Até uma anta o faria... quanto mais um meliante de carteirinha.

Minha amiga então me confessa que realmente a culpa é dela, porque ela sempre os mima demais. Mas como agir se realmente a gente gosta do sujeito e quer tratá-lo bem? Por que maltratar se, na verdade, a gente tem afeto pela pessoa?

Já percebi que com o passar do tempo nós mulheres vamos tornando-nos mais e mais carinhosas, atenciosas... eles vão se transformando em seres distantes, pois não precisam mais cortejar como antes pra nos terem cativas...

O dedo podre já nos é por demais conhecido, difundido, negado, combatido... mas o dedo podre vem acompanhado do comportamento recorrente...o nosso comportamento errôneo. Não podemos mostrar que somos boas o suficiente? Temos que ser tiranas? Temos que torturá-los com nosso descaso?

O caso em questão é muito difícil de solucionar, porque sei que todas nós agimos de igual modo quando encontramos alguém que nos agrada. Uma outra amiga me falou que até o açúcar ela coloca na xícara do mancebo... sabe por quê? Pra que ele dependa dela em tudo!

Pode até ser uma boa jogada, mas me passa algo tão terrivelmente maternal que chego a ter calafrios.

Fazer alguém tornar-se dependente... aí surge aquela que o faz andar pelas próprias pernas... e ele nos vem com o famigerado pé naquele lugar...porque a tal o trata como homem... E nós o tratávamos como filho, protegido, quase um bebê...

Nós causamos os nossos próprios problemas... O ímã pra atrair meliante existe... Talvez a criatura até seja um bom rapaz em potencial, mas a vocação pra estragar tudo nos é latente, gritante... gruda em nossas atitudes.

Aí ela me jura que vai mudar... mas com o próximo... porque este já está estragado mesmo e buscar mudar agora pode dar muuuuuuuuuuito trabalho...

DEMANDA X OFERTA

DEMANDA X OFERTA

Chico Buarque diz que a gente nunca deve fazer com que o outro perceba o quanto ele nos é importante. Mais uma vez me vem à cabeça o papo do jogo amoroso.

Porém, ser sincero não quer dizer ser mal-educado, ser grosseiro, mas a transparência nas relações sempre me pareceu a melhor alternativa. Não estamos enganando ninguém, mas também... e o tal mistério?

E por que tem de haver mistério? Detesto comprar algo que eu tenha que ler o manual sempre e nunca saber realmente se estou usando-o corretamente. Coisifiquei o outro? Foi apenas um meio de exemplificar o que me parece ser uma constante ‘tentativa e erro’...

Qual é o benefício de manter o outro na insegurança? Qual é a graça em sentir o outro aflito pela nossa presença, por notícias nossas? Afinal, a inconstância é prova de um caráter muito duvidoso.

A sinceridade tem que pontuar todos os relacionamentos e através dela solidificam-se ou se quebram laços. Tem de se haver tato na hora de se formularem opiniões, impressões, mas até que ponto temos de ‘esconder as reais intenções’?

Quanta vez você não se envolveu com um tremendo manipulador que a pegou em seus pontos mais frágeis, mais íntimos? Foi iludida, foi ludibriada, pois levou gato por lebre e saiu do relacionamento achando que a culpa era única e exclusivamente sua...

O que esperamos e o que nos é oferecido sempre estão em condições inversamente proporcionais. E à medida que o tempo passa, a inversão aumenta e nossa paciência diminui.

Sentir-se especial pra alguém, sentir-se vital pra uma pessoa não deve ser visto de modo ameaçador. Podemos ser vitais, mas a pessoa sabe caminhar e sobreviver muito bem caso não queiramos mais ser o ar que ela respira... Nossa, ser ‘o ar que alguém respira’... A gente ouve e até fala isso, mas sabe que só é enleio amoroso... sabe muito bem que dizer que X é sua vida, nada mais é do que dizer que a tal pessoa é especial.

Os superlativos, os exageros são bem-vindos pra tentar-se classificar sentimentos em determinadas situações... E se o outro não merece esta consideração...o problema é dele...

Sentimento foi feito pra usufruir, encharcar-se até a alma, até a raiz de todos os neurônios, porque sentimento não fica no coração... ele começa em nossa mente e toma conta de todo o corpo, de todas as nossas atitudes...

Se a sua demanda é maior que a oferta... não se desespere... espere. Certamente alguém surge na hora certa, no momento certo. Naquela dobra de esquina, naquele esbarrão sem querer... ao seu lado no ônibus... na vizinhança... ou em algum lugar que daqui a pouco você passa, vê... e magicamente torna-se feliz.

Esteja pronta! Pode ser hoje!