quinta-feira, 14 de julho de 2011

SE A VIDA FOSSE UMA NOVELA

SE A VIDA FOSSE UMA NOVELA





Estava eu em um dia de ócio criativo. Diria que crio também no ócio. Crio sob pressão, crio quando estou com raiva do sexo masculino. Crio quando durmo, quando acordo, quando falo com minhas amigas, minha prima, minha mãe... Crio até quando falo com homens...mesmo que seja um monólogo (deles, claro, porque qualquer tentativa de diálogo é infrutífera...). Posso dizer que crio o tempo todo: no banheiro, a caminho do trabalho, ouvindo música...durante o trabalho...





Então imaginei se minha vida fosse uma novela qual seria o meu papel? Não, eu não seria a mocinha, porque a mocinha é a sofredora, a heroína, a desprendida... a vítima cercada de gente interesseira, de vilões... Não, não sirvo pra mocinha, nem tão pouco pra vilã... Porque vilã arma contra os outros, e espera sempre que as pessoas se dêem mal... Não armo contra ninguém, quer dizer, às vezes, contra alguns homens, mas juro pela minha coleção de esmaltes que faço me sentindo uma espécie de vingadora da minha espécie...





Eu seria uma heroína mais pras do Manoel Carlos do que para as do Sílvio de Abreu. Quem acompanha novelas sabe que as do Manoel Carlos são humanas... Já as do Sílvio de Abreu tem suas reviravoltas, mas desde o início mantêm sua essência de boas ou más...





Ao amanhecer não estou com ar de quem acabou de se deitar... não. Acordo sempre com os olhos com restos de rímel. Não uso o à prova d’água porque não quero ficar calva nos cílios. O outro tiro com soro, mas sempre fica algo, principalmente quando não durmo sozinha... aí transformo-me em um perfeito urso panda... Fora o cabelo. Na TV, as mocinhas e bandidas acordam com os cabelos em ordem, penteados... o meu tem vida própria. Mais parece uma escultura moderna e de mau gosto, confesso.





Saindo pela calçada rumo ao trabalho, sei que não vou encontrar quem eu quero nos dias em que caprichei no visual... não. Naquele dia que não retoquei as raízes, estou com a mãe das espinhas na testa e a calça jeans está estranhamente mais justa... aí sim encontrarei quem há semanas busquei.





Não vou dobrar a esquina e esbarrar naquele homem maravilhoso, solteiro, rico, sem filhos e que necessita de uma mulher bem assim como eu. Também não vou encontrar uma carteira recheada de euros, entregá-la ao seu dono e arranjar um casamento ou uma polpuda recompensa. Meu livro não virou filme, nem minissérie ou novela... mas quem sabe um dia vira um especial na tv local?





Mas ninguém escreveu minha história. Eu mesma a escrevo todos os dias quando acordo e decido o que vou fazer. Luto com a preguiça para ir à academia que só é vencida depois que lembro quanto pago por mês para usufruir da tortura consentida... Escrevo minha história e sei quem fará parte dela. As contas estarão suadamente em dia, os prazos justos, mas cumpridos... estarei com pessoas que amo, apesar de algumas estarem distantes fisicamente... Encontrarei com minhas amigas e ouvirei suas histórias e me inspirarei...





Pois é, sou uma mistura de mocinha e vilã que não anda de salto, que mente de vez em quando e que quer, acima de tudo, ser feliz.

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