domingo, 16 de janeiro de 2011

TAMANHO NÃO É DOCUMENTO

Não me venham com o dilema masculino “tamanho versus eficiência”. Eles desde cedo se medem e humilham quem não é bem provido. Rasteiro universo que elege como o “melhor” o que for o “maior”. Estou cansada de ouvir amigas que não concordam em nada com isso. Já ouvi a famosa frase de mais de duas dúzias delas: “melhor um pequenino brincalhão que um grande bobão!” O problema não é o tamanho, criaturas. Nunca foi! O problema é saber ou não usar. Mas desde cedo este erro é cometido, este pensamento falho e superficial é passado de pai para filho. Tamanho. E isso é levado até o fim das vidinhas deles... E quando o assunto é mulher... a coisa inverte radicalmente.
As moças que não tem o manequim 36-38 começam a ser vistas como párias da sociedade anoréxica consumista. Nada contra as magrinhas. Nada contra as chamadas “lolitas”. Tenho muitas amigas assim: magrinhas, magérrimas, esguias, esbeltas... Mas também tenho amigas que tem manequim acima disso.
Tenho amigas que são taxadas de “gordas”. Taxadas porque não estão nos padrões de uma sociedade que não tem cara de sociedade brasileira. Que importa um ideal de beleza absurdo e inatingível. Lembro de minha boneca Suzy. Ela sim era mais “aproximável” do que são muitas gurias hoje. Aí surgiu a Barbie. Também tenho amigas que se parecem em muito com essa boneca graças à genética e alguns bisturis. Todas lindas por dentro e por fora, mas não deixo de lado minhas amigas que eu diria que são minhas amigas “Barbies GG”!
Eu já fui gordinha na escola. Lembro bem que minha mãe me acordava às cinco da manhã, quando minha aula era às oito, para achar minha cintura para colocar a saia. E detalhe: nunca acertava. Eu ficava com cara de quem usava saia “santropeito”. Comia horrores e era obrigada a comer outro tanto, pois sou da época que criança saudável era criança gorda. Minha avó dizia: “fulana está bem, está gorda!” Mas daí que passei a escola com este apelido: “gorda”! e isso influenciou minha vida demais. Até hoje sempre me acho uns 4 ou 5 quilos além do que devia pesar... E aí que Deus colocou em meu caminho minhas amigas GG. E percebi como eu sou boba por me preocupar com isso. Calei a boca bonito.
Minhas amigas são lindas, exuberantes e sabem explorar o que Deus lhes deu a mais: curvas. Sem falar no bom humor e na inteligência. Elas se aceitam, independente do que muito homem babaca fala por aí. Uma delas inclusive (é linda por demais da conta) já foi “largada” porque tinha engordado. Engraçado que quando eles engordam ou ficam carecas, as mulheres não os abandonam. Aí estas mulheres que são tudo de bom começam a não se aceitar mais porque se veem com os olhos tortos masculinos. O bom é que um dia acordam e percebem que o maravilhoso é sermos diferentes mesmo. Nada de padrões, porque cada um é bonito a seu modo, a seu jeito, desde que se aceite como é.
Imagine uma legião de Barbies 36 e gurias com cara de Xuxa...Ou então com cara de Giseles... tudo a mesmice que mais me parece a marcha dos pingüins (até hoje não sei como as fêmeas reconheciam os machos). Para reconhecê-las creio que só se estiverem com o RG pendurado no pescoço. Não cansarei de repetir “ad nauseam”: viver não é arriscado, arriscado é ser você mesmo. E quem ousa e consegue, fatalmente será feliz, não importa o tamanho de seu manequim.

Um comentário:

  1. Que post maravilhoso! Não há o que ser acrescentado no que a senhora explorou desse assunto tão pertinente hoje em dia. Quero dizer que como alguém que também é GG, e que tem uma amiga GG que também foi largada por esse fato, não há post melhor sobre o assunto. Um dos muitos motivos pelos quais eu nunca me envolvi com ninguém até hoje se deve a esse problema da sociedade, principalmente dos homens. Gostam de ver e cobrar tudo conforme os padrões, e gostam de humilhar os que não se encaixam, sem enxergar os próprios defeitos. E não só homens, como muitas mulheres acham que são superiores às outras por terem a cintura mais fina, um absurdo! Daí, ao ler o seu post, fiquei realmente feliz de ver como pessoas sensatas pensam, e como todos deviam pensar. Muito obrigada pela atenção, e parabéns!

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